Uma tese de mestrado recentemente finalizada concluiu que a maioria dos indivíduos que fazem caminhadas na cidade de Viana do Castelo são do sexo feminino, são casados, têm entre 50 a 69 anos e encontram-se empregados. A investigação em causa, realizada por Laura Costa, entre setembro e outubro de 2012, no âmbito do Mestrado em Promoção e Educação para a Saúde, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo [IPVC], pretendia perceber este fenómeno emergente na cidade de Viana: quem caminha, como caminha e porque caminha.
Segundo a autora do estudo “até à implementação da investigação não existiam informações sobre um conjunto de pessoas que caminham em Viana. Os grupos de pessoas, informais e não organizados, viam-se passar na rua e eram pensados como potencial de intervenção mas desconheciam-se as suas características” revelou a propósito do projeto de investigação.
“Para além das pessoas também não se conheciam os seus hábitos de caminhada, nem porque caminhavam”, explicou, justificando a realização do seu estudo no terreno.
A investigação decorreu através de um questionário feito a 410 pessoas, enquanto faziam a sua caminhada habitual, em quatro locais de passagem dos caminhantes pela cidade: a zona da Praia Norte, a zona do Largo 5 de Outubro, a zona do Parque da Cidade e a zona da Via-Entre-Santos e da Avenida Mateus Carvalhido.
Os resultados agora apresentados, e sujeitos a provas públicas, indicam que, para além da Praia Norte, também a zona da Via-Entre-Santos e da Avenida Mateus Carvalhido é muito utilizada para esta prática. A zona onde foram encontrados menos caminhantes foi o Parque da Cidade.
Quanto aos hábitos de caminhada o estudo conclui que “a maioria das pessoas inquiridas o fazem há mais de um ano, costumam caminhar menos de uma hora por dia mas mais de três dias por semana”, informou Laura Costa.
“Para caminhar, estas pessoas escolhem na sua maioria a companhia da família e percorrem um trajeto habitual, que dizem escolher, em grande parte, em função da paisagem e das infraestruturas existentes. Os dados obtidos permitem no entanto perceber que existem diferenças nos hábitos das pessoas que frequentam as diferentes zonas”, descreve a autora. “Mas interessava também perceber quais os motivos que levam à adopção desta prática”, frisou ainda. “A esta pergunta as pessoas que caminham falaram mais vezes em motivos relacionados com a saúde psicológica, como “stress”, “alívio”, “bem-estar”, “saúde mental”, e a prevenção da saúde”, descreveu Laura Costa.
Já em relação aos motivos menos referidos, relacionam-se com a natureza, como “respirar ar puro”, “ver paisagem”, “cheirar o mar”, “silêncio”, “apanhar ar” e a prática de atividade física como “manter-me ativo”, constatou.
Segundo Laura Costa, “perceber quem caminha, como caminha e porque se caminha em Viana será útil para todos aqueles que trabalham na área da promoção da atividade física, da saúde e do trabalho com a comunidade”.
Questionada sobre a alavanca que despoletou esta investigação Laura esclarece: “sabia-se já que muitas pessoas caminham em Viana. A realização desta investigação permitiu formalizar e aprofundar o conhecimento sobre uma população caminhante que apresenta características e hábitos próprios, o que abre enormes possibilidades para a intervenção social, nomeadamente na implementação de projetos de promoção da atividade física e em especial da caminhada” salienta.
O estudo conclui que existe potencial para mais estudos e principalmente para uma intervenção consistente por parte de estruturas locais sejam elas públicas ou privadas.
A presente investigação não teve qualquer interesse económico, político ou partidário mas dadas as informações e conclusões obtidas “entendeu-se ser interessante dar conhecimento ao gabinete cidades saudáveis da Câmara Municipal”, rematou Laura Costa.
Sobre Laura
Laura Juliana Costa tem 29 anos, é natural de Viana do Castelo e residente em Santa Maria Maior. Licenciada desde 2007 pelo Instituto de Serviço Social do Porto, detém ainda um ano de estudos específicos em Ciências Sociais e Saúde, altura em que se dedicou ao estudo do consumo do álcool.
Em setembro de 2011 iniciou o ano teórico do Mestrado em “Promoção e Educação para a Saúde”, ministrado em parceria pelas Escolas Superiores de “Educação” e da “Saúde” do Politécnico de Viana. Concluído o ano teórico foi aprovado o protejo sob a orientação do Prof. Doutor Luís Paulo Rodrigues (atualmente Diretor da Escola Superior de Desporto e Lazer do IPVC) tendo em setembro e outubro de 2012 procedido à aplicação do inquérito aos caminhantes. Desde setembro de 2012 desenvolveu todo o estudo dos dados e a redação do trabalho. As provas públicas foram realizadas em outubro de 2013.
A nível profissional, e depois de terminada a licenciatura, a Laura trabalhou em vários contextos, tendo exercido atividade de Assistente Social no Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora de Fátima e no CDSS do Porto, na equipa de terreno de Ação Social Porto Centro/Oriental, do ISS-IP.
