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“Prova Cega”, um estabelecimento de visita obrigatória na vila de Caminha

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Situado na rua de São João, em pleno centro histórico de Caminha, o estabelecimento “Prova Cega” é um local de visita obrigatória na sede do concelho. Se gosta de um bom queijo da Serra acompanhado de um bom vinho, então está no local ideal. A Prova Cega oferece uma gama de vinhos e produtos gourmet que podem fazer a diferença no seu Natal. Até ao dia 24 o estabelecimento está aberto todos os dias e à sua espera vai estar o casal Berto e Vanessa que lhe darão todas as dicas para a sua mesa de Natal. Deixe-se embarcar numa viagem pelos melhores sabores de Portugal, e não só. 

Prova cega berto

Fundada em 2013, a “Prova Cega” é como que uma filha da bem conhecida e prestigiada “Garrafeira Baco”, fundada em 1981 por Ernesto Vieira Pinto e pela esposa, Josefa Bela Casas, mais conhecida por “Chefi”.

Natural de Lamego, Ernesto Pinto veio para Caminha em 1970, ano em que abriu a Pastelaria Colmeia, um estabelecimento de referência na vila caminhense, que funcionou durante décadas na Praça Conselheiro Silva Torres, ou “Terreiro”, como também é conhecida aquela praça.

E foi por essa altura que começou a surgir a paixão de Ernesto Pinto pelos vinhos, ao ponto de se tornar num grande colecionador, principalmente de vinho do Porto. Em 1981 decidiu aprofundar o negócio dos vinhos e abre a Garrafeira Baco na já referida rua de São João.

Prova cega berto

A paixão de Ernesto Pinto rapidamente passou para os filhos que bem cedo começaram a ajudar o pai no negócio. Foi o caso do filho mais novo, Berto Pinto, atual proprietário da Prova Cega que começou a trabalhar com o pai aos 15 anos, como revelou ao Jornal C.

O meu pai abriu a garrafeira em 1981. Mas o que eu costumo chamar o bichinho das garrafas já começou na Pastelaria Colmeia. Portanto, o meu pai veio de Lamego para Caminha em 1970, abriu na Praça Conselheiro Silva Torres a Pastelaria Colmeia, juntamente com a minha mãe. Aí, um dos artigos que ele gradualmente começou a vender para os espanhóis em quantidade foram os vinhos, e foi também quando começou a surgir a paixão dele pelos vinhos.
Em 1980 surgiu a oportunidade de comprar o estabelecimento onde funcionava o típico bar do João, e foi nesse local que o meu pai abriu a garrafeiraQuando abriu o novo negócio o meu pai já era um colecionador e conforme o tempo foi passando e ele se foi apaixonando por este mundo dos vinhos, começou a adquirir bastantes garrafas. Aliás o espólio que ainda temos hoje dos vinhos do Porto, com datas desde 1847, vêm do tempo do meu pai”

Em 2023 e após muita insistência do filho mais novo, nasce a “Prova Cega”, um estabelecimento que vai muito além da comercialização de vinhos e outras bebidas. Mas apostar num novo conceito não foi fácil, como revela Berto Pinto que confessa que convencer o pai a apostar noutro tipo de artigos foi uma tarefa difícil.

“Não foi fácil porque o meu pai vem de um tempo mais antigo, mas a verdade é que eu sentia a necessidade de uma mudança porque verificava que os gostos das pessoas também se iam alterando e era fundamental que nós nos adaptássemos a essas mudanças e nos atualizássemos. Uma pessoa tem de acompanhar essa mesma transformação e isso acontece em todos os setores.
O meu pai inicialmente estava um pouco renitente em pôr na garrafeira outro tipo de artigos, e foi quando eu lhe sugeri abrir a Prova Cega, um local onde para além dos vinhos, vendesse também outro tipo de produtos, a denominada mercearia fina”. 

Prova cega berto

No negócio há 40 anos, Berto Pinto que herdou do pai o gosto pelas garrafas, fala de um mundo fascinante num país que é dos melhores do mundo a produzir vinhos.

“É uma coisa muito bonita e nós em Portugal temos o privilégio de ser um dos países onde se produzem os melhores vinhos do mundo. Temos produtores com vinhos de muita qualidade”.

Ao longo dos últimos 40 anos, o mercado foi sofrendo muitas alterações. Os espanhóis já não vêm em tanta quantidade como vinham e o comércio abrandou bastante.

Para mim a principal mudança foi o fluxo do mercado espanhol que não tem nada a ver com o fluxo que havia nos anos 80, 90 e 2000. É incomparavelmente diferente e para mim uma das causas foi realmente a abertura da A28 em Gondarém, porque se tem deixado a A28 em Vila Praia d’Ancora estávamos melhor. Eu sei que nós temos de abrir portas para isto andar para a frente, não é? Mas foi uma das causas grandes para que o concelho de Caminha tenha perdido muito do mercado espanhol, que era a força da clientela. Para se ter uma ideia, o meu pai quando fechou a Colmeia teve o cuidado de começar a ficar com os endereços das pessoas, na altura não havia correio eletrónico, como é óbvio. E ele escreveu cartas, principalmente a clientes espanhóis, a dizer que iria fechar a Pastelaria Colmeia e que iria abrir a Garrafeira Baco. E assim foi, ainda hoje, aqui na Prova Cega, tenho netos de clientes do meu pai da Colmeia. Que vêm cá e são meus clientes”.

Para além dos vinhos, a Prova Cega oferece aos clientes uma variedade de produtos exclusivos que são um verdadeiro desafio aos palatos mais exigentes. Com o Natal a aproximar-se a passos largos, pedimos ao Berto que nos fizesse uma seleção de produtos que na sua opinião não podem faltar numa mesa de Natal.

“Dos produtos que vendemos aqui na Prova Cega, posso dizer que no Natal, o rei, para além dos vinhos, é o queijo de ovelha amanteigado, o queijo da serra. Temos um excelente fornecedor a quem já compramos desde 1970. Temos um queijo realmente com muita qualidade, aliás é por isso que o vendemos até aos dias de hoje. O cliente gosta e aqui quem manda é o cliente. Portanto, eu sugeria um queijinho da Serra, que temos dois tamanhos, acompanhado com um pão torrado italiano que são as línguas da sogra que é muito bom para barrar o queijo. Também temos uma variedade de azeites muito boa de Trás-os-Montes e do Alentejo, e bons vinagres.

Para acompanhar o queijo sugiro também uns figos em calda, da casa das Rendufas, que é muito bom. Depois uma carteirinha de enchidos de porco preto de Estremoz, onde tenho um presunto com cura de 30 meses. Temos outros queijos também muito bons e o foie gras.

Para acompanhar, um vinho tinto ou branco, ou porque não um bom espumante. Nós temos umas caixas próprias como o logótipo da loja onde os clientes podem escolher diversos produtos e fazerem o seu cabaz com o que quiserem. Mediante o gosto de cada pessoa eu posso dar as minhas sugestões”.

Prova cega berto

Na Prova Cega há preços para todas as carteiras. O cliente tanto pode comprar uma garrafa de Barca Velha ou uma Pêra Manca, como vinhos mais económicos mas também muito bons, como garante Berto Pinto.

“Em Portugal, os dois vinhos mais caros que há são o famoso Barca Velha, da Casa Ferreirinha do Douro, e o Pêra Manca da Casa Cartuxa de Évora no Alentejo. São vinhos que podem custar entre 900 euros no caso do Barca Velha, ou 500 euros no caso do Pêra Manca. Estamos a falar de dois ícones do mundo dos vinhos de Portugal. Eu estou a olhar para a prateleira mas neste preciso momento até nem tenho nenhum. O Barca Velha foi todo vendido e o Pêra Manca ainda vou receber. Mas na mesma casa, por exemplo, da Ferreirinha, há outros vinhos mais económicos, caros também, mas sem atingir esses valores, muito bons. O mercado oferece-nos centenas de vinhos de gama alta, muitíssimo mais económicos do que esses dois vinhos. Esses dois vinhos são icónicos, são dois monstros de enologia que há em Portugal, mas há outros bem mais económicos e também muito bons”, garante.

Com o Natal a aproximar-se a passos largos, aumentam as perspetivas de negócio e na Prova Cega não é diferente. Para servir o cliente aposta-se em mais mercadoria o que origina sempre alguma expetativa nas vendas e um certo nervosismo.

“Enquanto o barco não começa a navegar certinho, uma pessoa está aqui um bocadinho nervosa, não é? Mas é o costume, porque já me entrou muita mercadoria, mas já estou a ser contactado por clientes e estou a contactar clientes há bastante tempo. E por muito que se fale que há pouco dinheiro e que há crise, infelizmente há pessoas que estão a passar bastante mal e não nos podemos esquecer disso, principalmente nestas alturas do ano, eu lembro-me muito disso, dessas pessoas, a verdade é que no final as pessoas acabam sempre por gastar. Eu, como digo, aqui no estabelecimento tenho vinhos para todos os preços, desde os mais económicos até aos mais caros, tenho de tudo”.

Prova cega loja

Para além da venda, na Prova Cega também é possível degustar alguns produtos, nomeadamente vinhos, queijos e conservas.

“Temos a nossa esplanada lá fora onde servimos, sempre que o tempo o permite, vinhos, queijos, enchidos e conservas.  Quando chove, o que aqui acontece muitas vezes, ponho uma mesa ou duas dentro da loja, onde servimos enchidos de porco preto, o nosso queijo da serra, costumo ter queijos internacionais, uns preguinhos deliciosos que a minha mulher faz e temos também uns boqueirões em vinagreta que são muito bons. Gosto de estar com os clientes, falar com eles, porque ao fim e ao cabo, ao longo do tempo cria-se uma amizade como de família. Fomento provas de vinho com variadíssimos produtores de várias regiões de Portugal, e é assim que gosto de trabalhar”.

Prova cega berto e vanessa

Até ao Natal, a Prova Cega vai estar aberta todos os dias, inclusive no dia 24 até às 17 ou 18 horas. 

“Quero dizer aos nossos amigos e clientes que temos as portas abertas para vos servir, ajudar, aconselhar. Os contactos estão nas redes sociais e o que fizer falta, tanto eu como a minha mulher, estamos aqui à disposição para aconselhar, esclarecer dúvidas e questões.”

A nossa sugestão é que passe pela Prova Cega, converse com os proprietários e se deixe embarcar numa explosão de sabores dignos dos palatos mais exigentes.

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