A existência de uma valência como um Centro de Apoio a Idosos num país e, sobretudo, num concelho onde, freguesia a freguesia, lugar a lugar, a população cada vez mais envelhece é sempre de saudar.
Caminha, na manifesta falta de capacidade da Câmara Municipal em atrair e fixar população jovem – recorde-se que já foi há dois anos e um ano, respetivamente, que a Assembleia Municipal, primeiro recomendou e depois ordenou ao órgão executivo do Município que reduzisse as taxas municipais de construção, para jovens até 35 anos e a Câmara ainda nada fez – não foge à regra de elevado número de população envelhecida versus população jovem.
A questão que para nós se coloca é a de saber se a abertura de uma unidade deste tipo, explorada por um Centro Social Paroquial – por isso ligado ao credo Católico Apostólico Romano, paga parcialmente por dinheiros privados dos Baldios de Riba de Âncora – uma esmola de cerca de duzentos mil euros – e fundos públicos – através de organismos do Estado central – e instalada num edifício do património do Município de Caminha – através da cedência gratuita e por 50 anos do direito de superfície (para que pudesse ser possível obter um financiamento bancário para aquisição de matéria de apetrechamento) – dizíamos, saber se merecia tamanho espetáculo divulgado nas páginas do Município de Caminha com ampla reportagem fotográfica.
Na realidade, a clamorosa falta de obra realizada pelo executivo socialista que governa Caminha, leva a que este se aproveite, em todo o momento, de obra alheia, para dar a falsa ideia de que alguma atividade desenvolve.
Na realidade, perante uma absoluta ausência de obras municipais de relevo por manifesta incompetência de Rui Lages e demais vereadores do PS, aproveita-se constantemente de obra alheia.
Apesar desta triste realidade a tal inauguração serviu, a nosso ver, este e outros propósitos.
Vejamos:
Segundo se retira do Facebook do Município de Caminha e da sua página Institucional (com a publicação de elogiosos textos e uma ampla reportagem fotográfica com mais de 70 fotografias), no passado dia 31 de agosto assistiu-se, em Riba de Âncora, a uma inusitada recolha de imagens relativas a momentos vividos na sobredita inauguração, aos quais, na nossa memória, fizeram com que o conhecido filme Pulp Fiction se transformasse num filme para adolescentes e onde, o realizador Paulinho (nome que carinhosamente chamo ao Presidente da junta de Freguesia daquela freguesia e também presidente do conselho diretivo dos Baldios de Riba de Âncora – instituição onde o dito Paulinho tem tudo controlado), remetesse Quentin Tarantino para o papel de um qualquer realizador de segunda categoria.
A arte de realização cinematográfica do Paulinho é notável. Desde a escolha do elenco para os principais papeis, conseguindo pôr a contracenar vários políticos, ex-políticos e quadros de direção intermédia da administração pública estadual e a mais alta individualidade do clero no distrito.
De facto foi o Sr. Bispo da Diocese Vianense que concedeu a bênção da Igreja Católica Apostólica Romana à referida instalação, a qual é, como se disse, explorada pela Igreja sob supervisão do Instituto da Segurança Social, e foi paga com uma generosíssima esmola dos Baldios de Riba de Âncora (200 mil euros a troco de nada, nem sequer da garantia que os habitantes desta freguesia teriam preferência no atendimento no referido centro de apoio, em relação a populações de outras freguesias as quais em nada contribuíram para a obra, por exemplo).
É o que é. Por nós, desde que o equipamento em causa sirva, em condições de igualdade, crentes de todos os credos – uma vez que que a obra foi paga maioritariamente pelo Estado Português que é laico e está instalado em instalações gratuitamente cedidas pelo Município de Caminha que faz parte do Estado laico, embora não pareça – se no Clero decidiram que fosse o Sr. Bispo a benzer o local, nada a objetar.
Mas, na verdade, a passarela teve vários atores e isso também não se pode deixar de registar.
O Paulinho conseguiu realizar em Riba de Âncora, uma verdadeira procissão de “notáveis” de vários quadrantes políticos e funcionários públicos de nível de direção intermédia, com a clara intenção, pelo menos para nós é evidente, de se mostrar importante (o homem da concórdia e da de obra feita) face à sua, óbvia, intenção de descer à terra onde está a foz do rio que dá nome à localidade onde, aquele Paulinho, decide os destinos da Junta e dos Baldios. O Paulinho quer, a todo custo descer e exercer funções políticas em Vila Praia de Âncora e isso tem direito, mas não devia deixar de olhar aos meios para atingir esse fim.
Além disso, estamos certos que o nada independente Paulinho se prepara para descer o rio com uma enorme braçada de rosas cheias de espinhos para oferecer aos cidadãos da ribeira (VPA).
Vejamos o elenco escolhido para atores deste filme:
Ao nível local, o Paulinho contou com a presença e palavra do seu fiel amigo (de quem é escudeiro) Sr. presidente de Câmara de Caminha, ser aparentemente religioso e crente, mas mal relacionado com a verdade, homem aparentemente de fé e que durante mais um verão percorreu o concelho em festas e romarias, entoando dois versos de copo na mão. Um autêntico trovador boémio… mas governar a Câmara com proficiência e competência não consegue e por isso precisa “dos filmes” do Paulinho de Riba de Âncora.
Também não faltou, na equipe dos políticos no ativo, o novíssimo Sr. Secretário de Estado da Segurança Social.
Na realidade, os sucessivos governos têm-nos habituado à presença dos seus membros nestas “festas inaugurais” e este novo governo, nesta matéria, afinal, parece não ser tão diferente e inovador, como alguns poderiam esperar.
Festa é festa…
Juntamente com este governante veio uma das suas mais recentes nomeações políticas: O Sr. diretor da distrital do Instituto da Segurança Social de Viana do Castelo.
Nada de anormal, não fosse o facto de, o atual Sr. diretor do ISS distrital- antes da recente nomeação – ser um dos muitos técnicos superiores da instituição (ISS) – ter sido nomeado para este cargo depois de ter ganho as eleições para a Comissão Política Concelhia de Viana do Castelo do PSD.
Esta eleição também nada teria de importante, não fosse ter logrado (o agora Sr. diretor), retirar dos quadros dirigentes do PSD de Viana do Castelo o famosíssimo e omnipresente dr. Eduardo Teixeira, ao fim de muitos anos e atos eleitorais internos de legalidade duvidosa, que, por ter sido corrido do PSD, nas últimas legislativas se bandeou-para o partido Chega, partido pelo qual foi eleito deputado pelo distrito Alto-Minhoto. Ainda consegue boiar, portanto.
Enfim, apesar de ser um novo governo, resultante das últimas eleições legislativas, dúvidas não nos restam de que as velhas táticas de nomeação para cargos dirigentes intermédios da administração pública se faz por vários critérios que não são, como parece, aqueles que seriam de esperar (resultante de concurso).
Em termos de nomeações para cargos da administração pública, parece que o novo Governo não traz, infelizmente, grande inovação.
Por outo lado, curioso também é ver imagens do tal social democrata renegado (agora do Chega), o dr Teixeira – que também é atual e ex-vereador da Câmara do Viana do Castelo, ex-deputado do PSD por Viana do Castelo), sentado a par com o Deputado do PS Eng. José Maria Costa (ex-presidente da CM Viana do Castelo e ex-Secretário de Estado do Mar, sempre pelos socialistas lusos e o principal responsável, se não único, na instalação no mar de Caminha do parque eólico fazendo de Caminha o concelho com a costa mais sacrificada com as famosas “taramelas”.
A ver esta imagem, de ambos e bem juntinhos (dr. Teixeira e eng. José Maria Costa), em amena cavaqueira, veio-me logo à memória o tempo em que ambos se gladiavam de morte na arena pública de Viana do Castelo e nas sessões da Câmara Municipal daquele concelho.
De tal modo que se destratavam e faziam-se, mutuamente, as maiores tropelias pessoais, com insultos e impropérios e tudo a que tinha direito.
Banhado nas memórias desta complicada convivência de tais ilustres figurantes do filme do Paulinho, lutas essas não são assim tão distantes na história do tempo, questiono-me se afinal não será mesmo verdade o que se diz por ai: Que o PS e o Chega andam de mão dada a boicotar o Governo da AD. Se não é pelo amor e carinho dos seus olhares essa realidade transparece.
Mas o filme tem mais contornos, alguns até de malvadez, bem piores que os do Tarantino.
Se o dr Teixeira é um fénix renascido (várias vezes morto e enterrado politicamente no PSD e agora renascido no Chega), conhecido por estar em todo o lado e em lado nenhum e por ter um sorriso inabalável, mesmo quando está a ser maltratado, um homem a quem nada importa desde que possa ser um escolhido, diga-se que, na verdade, o Paulinho ainda teve o inigualável mérito de fazer renascer publicamente o dr. Miguel Alves (ex-presidente da Camara de Caminha, ex-secretário de Estado por cerca de dois meses e, ainda, arguido em processos de inquérito criminais e/ou em fase de recurso).
E, apesar de politicamente estar suspenso, o dr. Miguel Alves até teve direito a discurso (tal é a amizade com o Paulinho), tal como outros importantes na política ativa.
Pena que na foto reportagem não se faça referência ao que este ilustre veio dizer, mas pela parte que nos toca, não temos réstia de dúvida que, além de elogiar o grande amigo Paulinho ( que arrebatou das filas do PSD de Caminha para os falsos independentes de Caminha ao serviço do PS), o dr. Miguel Alves não deixou de pedir desculpa aos Caminhenses pelo estado ruinoso em que deixou o Município de Caminha, o qual governou com o especial fito de ganhar nome e estatuto (nem sei se bom ou mau) para chegar ao governo , ainda que por tão pouco tempo.
Além disso, também não temos qualquer dúvida que o Sr dr. Miguel Alves não deixou de esclarecer, afinal, como vão ser devolvidos os 300 mil euros de dinheiro Municipal que entregou às empresas do PhD Ricardo Moutinho, para arrendar um imóvel que nunca existiu. O desejado Centro de Exposições Transfronteiriço, com que todos os caminhenses de todas as gerações ainda sonham.
Estamos mais descansados depois de tanta explicação e pedido de desculpas da tão ilustre (que foi).
Malvadez do protocolo do Paulinho, ou coisas do destino, sentou-se o tal dr Miguel Alves lado a lado com a Sra. dra. Liliana Silva, líder concelhia da oposição mais votada. É o que se vê nas fotos…
Seja como for, pelo teor da notícia publicada nos meios municipais de Caminha sobre o centro de atendimento e acolhimento dos idosos da comunidade de Riba de Âncora e freguesias do Vale do Âncora, pode retirar-se a seguinte conclusão:
Para além da obra em si mesma, que não é mais de que ter Igreja Católica Romana juntamente com o Estado e os Baldios de Riba de Âncora, em parceria, a desenvolver a sua doutrina social (o que a nosso ver deveria ser uma coisa discreta e não opulenta), a verdade é que o Paulinho conseguiu juntar, no terreno que domina, Gregos e Troianos, quiçá, alguns, com a mão no bolso e o dedo na navalha de ponta e mola que ( que pelo menos imaginariamente) transportavam ( tantas foram as facadas que se deram mutuamente nas suas vidas recentes que nunca fiar, não é ?).
Também poderemos ir concluindo reconhecendo que o Deus Cria-os, o Paulinho junta-os e o Sr. Bispo benze-os em harmoniosa convivência (ainda que o ambiente fosse de um saco de gatos).
Mas o Paulinho, ao conviver com todas estas figuras também lhes está a agradecer, e muito, por o ajudarem (sem que por isso alguns dessem conta) a demonstrar com as suas presenças como o próprio Paulinho é importante, como quem diz “uma mão lava a outra”.
Por fim, toda esta promoção do filme, escrito e ardilosamente dirigido pelo Paulinho, nas páginas do município, deram-lhe a visibilidade que ele procura para tentar concretizar a ideia que o anima: Voar de Riba de Âncora para Vila Praia de Âncora, em outubro de 2025, de preferência com rosas na mão, para oferecer.
Todavia, caro Paulinho (com o carinho com que sempre o trato e por reconhecer ser poética e politicamente um habilidoso, na gestão dos seus silêncios e sorrisos marotos e nas juras de fidelidade eterna que fez ao PS) dizer-lhe que por conseguir meter na mesma panela Gregos e Troianos no que parecia uma tarde de normalidade, só por si só não chega para se ser político desinteressado e a o serviço dos concidadãos.
Por isso, caro Paulinho, cuidado ao aterrar em terras de VPA, não voe longe de mais e vá cair diretamente em mar alto.
É que se assim acontecer, resta-lhe agarrar-se a Deus para se salvar.
Jorge Nande
