O Albergue São Bento em Seixas poderá vir a encerrar no final do verão. A afirmação é de Manuel Vilares, presidente da Direção do Centro de Bem Estar Social de Seixas (CBESS).
Em causa está a viabilidade do projeto que, embora nunca tivesse sido pensado para dar lucro, não consegue ter a taxa de ocupação desejada para manter as despesas de manutenção e pessoal nem recuperar o investimento que lá foi feito, mais de 80 mil euros.
O Albergue, que foi inaugurado em Dezembro de 2019, esteve também fechado durante um ano devido à pandemia. Com capacidade para 40 peregrinos, neste momento tem uma taxa de ocupação inferior a 10%.
Em entrevista ao Jornal C – O Caminhense, Manuel Vilares explica as razões para a falta de peregrinos em Seixas, nomeadamente o desvirtuamento do Caminho Português da Costa e a falta de interesse da Câmara Municipal em defender e promover o caminho correto, que passaria por Seixas, Lanhelas, Vila Nova de Cerveira e Valença e não Caminha-A Guarda.
Segundo Manuel Vilares, também as setas que indicam o caminho estão constantemente a ser vandalizadas e adulteradas – facto que é do conhecimento da Câmara Municipal de Caminha – para servir os interesses dos privados que levam os peregrinos para o lado espanhol muito antes destes chegarem a Caminha.
“Nunca houve uma barca a passar peregrinos em Caminha. O Caminho Português da Costa é até Valença”, afirma Manuel Vilares. Para o presidente da direção do CBESS, é responsabilidade da Câmara Municipal de Caminha incentivar e promover o caminho correto, algo que não tem acontecido.
Para contornar a falta de peregrinos, Manuel Vilares foi obrigado a colocar o Albergue São Bento na plataforma Booking, o que pode levar a reservas indesejadas.
“Se costuma ver peregrinos a regressar de Seixas para Caminha, não é que tenham vindo de Santiago novamente. São peregrinos que dormiram no Albergue em Seixas mas já tinham bilhete de barco para A Guarda.”
Manuel Vilares não critica os peregrinos nem quem os transporta, mas aponta o dedo a quem tem a obrigação oficial de preservar a identidade do Caminho Português da Costa, neste caso as câmaras de Caminha, Cerveira e Valença.
Para o presidente do CBESS, Vila Nova de Cerveira é o concelho mais prejudicado com este “desvio” do caminho, uma vez que Valença também recebe peregrinos do caminho central.
O Caminho Português da Costa foi certificado em 2022, um processo que demorou vários anos e que envolveu diversas entidades oficiais, incluindo a Igreja. Manuel Vilares não compreende como se permite agora o desvio “descarado” e constante de um caminho cada vez mais procurado pelos peregrinos.
“O peregrino se é desviado para Espanha, vai tirar fotos em Espanha. Não vai levar para o seu país imagens de Lanhelas, Gondarém ou Cerveira”, remata Manuel Vilares, que deixa um apelo à autarquia e às entidades oficiais.
Manuel Vilares, presidente da Direção do Centro de Bem Estar Social de Seixas, em declarações ao Jornal C – O Caminhense. O Albergue São Bento em Seixas deverá fechar portas no final deste verão por não conseguir atingir os objetivos inicialmente traçados.