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O legado de Marta Temido

Data:

Isto não é o fim.
Não é sequer o princípio do fim.
Mas é, talvez, o fim do princípio.“
Winston Churchill

 

artigo marta temido 1

Quando, em 1948 o governo de Winston Churchill criou o Sistema Nacional de saúde Inglês, “pago por todos e do qual todos beneficiarão” lançou a semente para o que viria a ser na Europa, junto com a Segurança Social, uma das bases das sociedades modernas.

Por cá, 31 anos depois, foi um corajoso advogado de Coimbra quem em 1979, criou essas bases e ameaçou demitir-se se Mário Soares não o apoiasse nessa empreitada.

39 anos depois de António Arnault, em 2018, de novo um(a) Advogado(a) de Coimbra assumiu a pasta da saúde, Marta Temido, mas por aqui se ficam as semelhanças.

Marta Temido tomou posse da pasta da saúde, já com o segundo orçamento PS, com uma Despesa global de 9,6 Biliões de Euros e 127.013 Funcionários. Havia 800.000 Portugueses sem médico de família.

Deixa o cargo, “por não ter condições para continuar a exercê-lo”, quando devia, era ter-se perguntado antes de o aceitar, se as teria. Com uma carreira de burocrata em várias entidades dentro do Ministério, como se poderia esperar Visão, Estratégia e Liderança?

E deixa um Ministério da Saúde muito pior do que aquele que encontrou. Em 2022, com uma Despesa de 13,6 Biliões de Euros (+41,7%), se não derrapar; e com mais 23.415 Funcionários (+18,5%), deixa ainda 1.140.000 Portugueses, sem médico de família (+42,5%). Dinheiro e Administrativos não substituem Médicos.

Muitos outros indicadores serão ainda esmiuçados e muitos casos continuam a acontecer, consultas por telefone em lugar das presenciais, mortalidade extra-covid sobretudo de parturientes e perinatal como não se via há décadas, filas de espera para cirurgias que já nem são regularmente avaliadas, tal é o desastre.

Acabou com as PPP onde funcionavam bem, passou já para mais de 80 autarquias “competências” na área da saúde, o que só aumentará os problemas como se vê na educação; exportou para o Serviço Nacional de Saúde Inglês e de outros países, dezenas de milhares de enfermeiros. Importou médicos espanhóis para os concelhos raianos pagando-lhes muito mais do que estava disposta a pagar aos portugueses que para lá quisessem ir.

Enfim, deixa o pior legado do qual há memória no Ministério da Saúde, o que em nada honra o seu conterrâneo e colega jurista que fundou o SNS. E uma ideia peregrina de mais uma entidade gestora para gerir as outras entidades gestoras todas, que o Ministério já tem.

Esperemos que, pelo menos, possa ser, no Governo, o fim do princípio (de Peter) ou o princípio do fim desta geringonça dos vários PS que, não tendo acordos assinados, como a outra, António Costa já não consegue, nem sequer quer, liderar e controlar.

Leiria, 30 de Agosto de 2022

Carlos Araújo
Carlos Araújo
Economista

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