O escultor Pedro Figueiredo apresentou no Auditório António Pedro, em Moledo, as obras resultantes da sua residência artística em Caminha, no âmbito do projeto AMAR O MINHO, promovido pelo consórcio MINHO IN, com coordenação artística e de comunicação da Zet Gallery. Duas esculturas “Mulher-Cão” e “A Ilha do Anjo” homenageiam agora António Pedro, personalidade de Moledo, onde viveu a partir dos 4 anos, e figura maior do teatro, literatura e artes plásticas, que integrou a primeira geração de surrealistas portugueses.
Completaram-se no passado dia 17 de agosto 55 anos da morte de António Pedro, dia escolhido para a homenagem, que foi iniciada com poesia.
Coube ao artista apresentar os seus trabalhos. Pedro Figueiredo revelou que tentou “entrar” no mundo de António Pedro, que, disse, “foi criança aqui” e dai o Anjo, colocado no lugar mais alto, um anjo cujas asas forma um coração perfeito. Sublinhou que o lugar – Moledo – é perfeito e de grande beleza. Agradeceu também o acolhimento da Câmara de Caminha e destacou a colaboração dos profissionais do Município com os quais contactou ao longo da residência artística, que decorreu entre 9 e 16 de agosto, período em que trabalhou ao vivo no próprio Auditório António Pedro, produzindo uma peça em gesso direto, que ficará no Museu Municipal de Caminha.
O Presidente da Câmara agradeceu a todos os intervenientes e destacou a solução feliz encontrada para homenagear António Pedro: “queríamos algo que permitisse escrever novos capítulos e fomos felizes” O conjunto escultórico produzido agora, sublinhou Miguel Alves, junta três realidades importantes: pedra, mar/céu e gentes.
Uma placa assinala a obra com o seguinte texto:
MULHER-CÃO E A ILHA DO ANJO, 2021
Pedro Figueiredo (PT, 1974)
António Pedro nasceu na Cidade da Praia, Cabo Verde, a 9 de Dezembro de 1909 e terminou os seus dias em Moledo, Caminha, Portugal, a 17 de Agosto de 1966. 55 anos depois do seu desaparecimento, o Município de Caminha homenageia esta enorme personalidade do teatro, da literatura, das artes plásticas e da cultura, de uma forma geral, um dos que fez parte da primeira geração de surrealistas portugueses.
Para o Auditório António Pedro, o escultor Pedro Figueiredo desenvolveu um conjunto escultório, em bronze, constituído por dois elementos: a mulher inspira-se no óleo sobre tela “Ilha do Cão”, que António Pedro pintou em 1941 e que parte do referencial paisagístico deste lugar e, em particular, da Ínsua. O querubim, segundo elemento escultórico, encima o muro de suporte, observando a cena e trazendo o surrealismo idílico à proposta de Pedro Figueiredo, cujo vocabulário plástico é perfeitamente reconhecível nesta obra.
Esta obra insere-se no programa de residências artísticas do AMAR O MINHO, promovido pelo consórcio MINHO IN que integra os 24 municípios do Minho. A curadoria é de Helena Mendes Pereira.