É uma marca 100% portuguesa e nasceu em 2010 pelas mãos da vianense Márcia Rego.
Oriunda de uma família ligada ao setor têxtil, Márcia cresceu no meio dos panos, linhas, por entre máquinas de costura e mesas de corte. Apesar da vivência, nunca foi seu objetivo enveredar por esta área. Amante das viagens, em adolescente quis seguir a área do turismo,mas acabou por se formar em Marketing pela Universidade do Algarve.
“Quando pensei seguir uma área de atividade, nunca pensei seguir nada ligado ao têxtil. Como gostei sempre muito de viajar, de conhecer coisas novas e novas culturas, aos 16 anos pensei em seguir turismo. Entrei na Universidade o Algarve e acabei por me formar em marketing”.
Com o curso terminado e muita vontade de trabalhar e conquistar independência, Márcia regressa a Viana e começa a procurar trabalho na área, uma tarefa que se revelou complicada.
“Quando regressei, com 22 anos, vinha cheia de expetativas, com muita vontade de ganhar dinheiro e de ser independente mas a verdade é que as oportunidades não surgiram. Fartava-me de enviar currículos e nada”.
“Desesperada” para arranjar um emprego, Márcia acaba por aceitar uma oportunidade na empresa ANHAS, com sede em Lanhelas, para vender carros.
“Não percebia nada daquilo. Estive lá um mês e meio e ao fim desse tempo conheci umas pessoas que me contrataram para uma outra empresa”.
A trabalhar como administrativa na nova empresa, Márcia garante que aprendeu muito. Ficou por lá alguns anos e mais tarde volta a mudar para outra empresa onde permanece até hoje. Nessa empresa Márcia conhece uma colega formada em belas artes, uma escultora com quem costumava conversar e falar dos seus projetos.
“Das muitas conversas que íamos tendo, um dia contei-lhe que o meu grande sonho era pegar no Know how da família e a partir daí criar qualquer coisa consistente”.
Mas a aposta de Márcia Rego passava por um projeto diferente do da família.
“Estava farta de ver os meus pais trabalharem horas e horas a fio e não ganharem praticamente nada porque no final quem ganhava o dinheiro eram as grandes casas”.
Márcia sabia o que queria mas também sabia que sozinha nunca iria conseguir.
“Um dia essa minha colega perguntou-me o que é que me faltava e eu respondi-lhe que vontade tinha, mas que me faltava o melhor porque eu, nem uma flor sabia desenhar, quanto mais uma peça de roupa”.
Passado algum tempo a colega apresenta-lhe uma amiga designer, uma jovem de Viana do Castelo à procura de uma oportunidade. Depois de muitas conversas, de muita partilha de sonhos e ambições, o projeto MONORED, uma marca womenswear 100% portuguesa, arranca em 2009 e em Julho de 2010 é apresentada a primeira coleção.
Porquê MONORED? Márcia explica:
“Não foi fácil encontrar um nome que definisse o nosso conceito. MONORED porquê? MONO porque nos remete para algo singular, único, e RED porque é uma cor que transmite arrojo, criatividade e espontaneidade. Eu julgo que o nome acaba por definir bem o lema da marca: “Get ready”, ou seja, mulheres que estão sempre ativas, arrojadas e com um pensamento mais à frente”.
Das várias peças de vestuário que produz, os vestidos MONORED marcam pela diferença e estão no topo das preferências das clientes.
“Dedicamo-nos exclusivamente ao vestuário feminino e fazemos todo o tipo de peças: calças, saias, casacos, vestidos, etc. Da pouca experiência que ainda temos, já foi possível perceber que o nosso público gosta muito dos nossos vestidos”.
Baseada numa abordagem funcional do guarda-roupa feminino e maioritariamente direcionada ao público urbano, a MONORED tem a sua coleção à venda em vários pontos do país e também em Londres.
Loja própria é uma das grandes ambições, um sonho que por enquanto terá que ser adiado.
“Uma das nossas grandes ambições é ter loja própria, mas ainda não chegámos lá. Neste momento estamos a trabalhar com lojas multimarcas, lojas conceito que nos representam e exploram o nosso conceito enquanto marca. Em Portugal estamos representados em 9 lojas: Porto, Lisboa, Coimbra e Viana do Castelo e também já estamos em Londres na Portuguese Love Affair, uma loja inaugurada há pouco tempo mas que está a ter bastante sucesso”.
A criatividade, inovação e exclusividade que definem a marca vianense, valeu-lhe um convite para estarem presentes na Bienal Experimentadesign, evento que está a decorrer em Lisboa, sob o tema “No borders/ Sem Fronteiras”, e que este ano tenciona dar especial ênfase à relação entre o design e a economia, salientando a importância das indústrias criativas.
A MONORED integra a coletiva de criadores nacionais que, a convite da organização dirigida por Guta Moura Guedes, aceitaram apresentar as suas criações na loja aberta ao público durante o evento. Integrada no Lounging Space da Bienal, em pleno Convento da Trindade, a (e)store conta com uma seleção criteriosa de projetos criativos emergentes, em áreas que vão desde a moda à joalharia, passando pelo mobiliário. A bienal EXD é um dos eventos multidisciplinares de maior destaque a acontecer na capital, envolvendo criativos, pensadores e críticos de design, arquitetura e artes plásticas de todo o mundo. Este convite foi, também por isso, “recebido com especial satisfação” pelos responsáveis da MONORED, como reconheceu Márcia Rego, mentora e impulsionadora do projeto.
A aposta na qualidade de produção, na internacionalização e na consolidação da marca MONORED são os grandes objetivos desta empresa vianense, que se orgulha de ser uma empresa cem por cento portuguesa.
Neste momento a MONORED já está a trabalhar na coleção Primavera Verão 2014, uma coleção que Márcia Rego considera “muito interessante, inspiradora e muito feminina que irá valorizar muito o corpo da mulher. Uma coisa deliciosa, julgo que vai ser esta, a coleção”. E mais não disse para não estragar a surpresa. Para este Inverno a MONORED propõe uma coleção casual chic.
“A proposta foi dar às peças consideradas básicas, detalhes que as tornaram em peças diferentes e especiais. Uma das peças que está a ter imenso sucesso este inverno é uma sweater super básica, à qual conseguimos acrescentar alguns pormenores de encaixes com cor, que a tornaram numa peça especial com imensas possibilidades. É isso que pretendemos e é para isso que trabalhamos”.
Abrir uma loja é o grande objetivo da MONORED e Márcia Rego não se importava nada de começar por Viana, a terra onde nasceu e onde vive. Até lá há muito trabalho a fazer, muito terreno a desbravar, num país onde tudo é difícil, principalmente para pequenas empresas. Mas como desistir é palavra que não consta no dicionário desta empresária vianense, Márcia Rego vai continuar a lutar pelo seu sonho, “com ou sem apoio”.
