Quando António Costa apresenta hoje o seu 9º Orçamento de Estado em Maioria Absoluta, com a Candura do primeiro dia, treinada pelo seu guru da comunicação, Caminha ainda não conhece a apreciação do Revisor Oficial às Contas do primeiro semestre, mas, fica já a saber que tem a pior situação económico-financeira do Alto Minho. Rui Lages tem mais um Troféu para receber, pagam os Caminhenses e, é bem mais caro que o outro.
Todos os Concelhos do distrito passaram pela Troika, receberam responsabilidades na Educação e na Saúde, passaram pela Pandemia e sofrem a Inflação. Uns são governados pelo PS, outros pelo PSD, uns com mandatos já longos, outros com mudanças recentes, mas apenas 2 mostram uma consistência financeira estrutural: Ponte de Lima pela positiva, Caminha infelizmente, pela negativa.
Ponte de Lima é o melhor do distrito em 4 indicadores e situa-se na média na cobrança de impostos. Arcos de Valdevez segue de perto e Valença, Cerveira, Coura, a Barca e Viana, andam à volta da média, melhores nuns indicadores, piores noutros, mas em todos, muito melhor que Caminha.
Caminha é o pior do Ranking em 4 indicadores e o segundo pior no passivo por habitante, só ultrapassado por Melgaço que, por acaso, cobra aos seus habitantes, metade dos impostos que pagam os Caminhenses.
Monção sendo o terceiro pior deste ranking, tem apesar de tudo uma justificação: é o Concelho que menos impostos cobra aos seus habitantes.
Entregue o troféu, ao Partido Socialista de Caminha, nas mãos da dupla Miguel Alves-Rui Lages, importa perceber melhor as implicações deste (des)governo de 10 anos.
As Dívidas Correntes a pagar da Câmara de Caminha (só estão aqui os valores a menos de 1 ano), são três vezes as disponibilidades e as dívidas a receber nesse período. Traduzido por miúdos, se os habitantes se atrasarem a pagar o IMI ou o ministro Medina atrasar umas transferências, os serviços da Câmara param.
É o índice de Liquidez: acima de 100% significa tranquilidade, abaixo de 60% requer uma gestão cuidada, abaixo de 30% como Caminha, requer medidas extremas.
Não confundir medidas extremas com atrasar pagamentos a fornecedores que cobram 8% de juros de mora! Isso mais que financiamento, é USURA. Medidas extremas são reduzir despesa corrente, de imediato.
Se a situação de curto prazo é critica, resultado duma gestão à vista ou pior, míope, a situação estrutural reflete os anos dessa incapacidade. O passivo de Caminha representa mais de 73% do seu ativo, ou seja, para pagar as Dívidas não chegam os anéis e as joias.
Com um passivo por habitante que é mais do dobro da média do Distrito e um índice da Dívida que é o único do distrito acima dos 100% (as receitas correntes de 1 ano não chegariam para pagar a Dívida) e como não pode fazer mais exceções contabilísticas COVID, o Dr. Rui Lages faz o mesmo que o seu partido no país.
Usa transferências de capital para pagar despesa corrente e assim mesmo mistura nas transferências para as Juntas os mesmos conceitos. Por isso, é o o Concelho do Distrito com menor Património Líquido por Habitante. Tem o segundo Ativo mais baixo, o segundo Passivo mais alto. Não é coincidência, é desgoverno e má gestão.
A gestão socialista da Câmara de Caminha dos últimos 10 anos, criou Divida para pagar despesas correntes e delapidou património ao alienar as águas a troco de 4% de uma empresa da qual não recebe um tostão de dividendos, e que ainda cobra couro e cabelo aos caminhenses. Acumulou 7,5 milhões de euros de Dívidas à Águas do Norte enquanto usou o que os Caminhenses pagavam de água, para Eventos, Publicidades e Estudos e até para dar 300 mil euros ao Ricardo Moutinho.
É triste e lamentável que Caminha tenha visto passar o PT 2020, como agora está a ver passar o PRR. O diagnóstico está feito. Só não vê quem não quiser.
Se mais exemplos faltassem e apenas em 2023, aí estão, investimentos, anúncios e foguetes, quem quiser que apanhe as canas:
“Passadiços do Coura”: Projeto com potencial de 70% de subsídios comunitários não reembolsáveis, projeto chumbado. Porquê? É segredo?
Obras das Intempéries: 13 milhões de prejuízos dos quais 9 milhões em património público, dos quais a CCDR reconhece 3 Milhões, e dos quais financiará 1,8 milhões. Porquê? É segredo?
O PT 2030 está aí e a Câmara de Caminha não tem liderança, nem visão, para tirar a cabeça da areia. Até o Partido Socialista em Lisboa, já percebeu.
Leiria, 10 de Outubro de 2023
*Os quadros, rankings e análises, são da responsabilidade exclusiva do autor, ainda que os dados sejam crédito das fontes referidas, às quais o autor agradece a disponibilização dos mesmos.