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Sexta-feira, 29 Março, 2024
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Um rio, dois países, uma ponte, a mesma paisagem, a mesma gente

 

A ponte internacional sobre o rio Minho, que liga Vila Nova de Cerveira à localidade galega de Goyan, foi construída há 10 anos.

Batizada como “Ponte da Amizade”, a ligação começou a ser construída em 2004 após convénio estabelecido entre os dois países e assinado em Madrid a 19 de Novembro de 1997, pelo então Ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, João Cravinho e Rafael Montalvo, Ministro do Fomento de Espanha.

O documento, que estabelecia os termos para a construção da ponte, foi aprovado em conselho de Ministros a 8 de janeiro de 1998, era então Presidente da República Jorge Sampaio e Primeiro-Ministro António Guterres.
Ao abrigo do convénio, publicado em Diário da República de 13 de Fevereiro de 1998, cabia ao Governo português a elaboração do projeto da ponte, bem como a adjudicação e direção das obras. Os gastos correspondentes seriam suportados em partes iguais, podendo os dois governos solicitar apoio financeiro à União Europeia tanto para a elaboração do projeto como para a própria obra.

Foram apresentadas a concurso 16 propostas de empresas espanholas com orçamentos que variaram entre 1,1 milhões de contos (5,4 milhões de euros) e 1,9 milhões de contos (9,4 milhões de euros).
A ponte, orçada em 6,4 milhões de euros foi comparticipada em 75% pelo INTERREG, cabendo os restantes 25% ao governo português e à Junta da Galiza em partes iguais. Começou a ser construída em 2002 e o prazo de execução, 18 meses, foi cumprido.

Com uma extensão de 430 metros e assente em vários pilares construídos sobre o rio Minho, a travessia, a quinta a ser construída sobre aquele curso de água, foi inaugurada a 9 de Junho de 2004, dando assim descanso ao ferry que até ali assegurou a ligação entre as duas localidades.

Concluída a construção ponte, faltava fazer os acessos do lado português à mesma, uma situação que só se viria a resolver 6 anos mais tarde e depois de muitas reivindicações por parte dos autarcas locais que, sem os acessos construídos, consideravam que aquela era uma obra “inacabada”.

Com os acessos do lado espanhol concluídos desde o momento em que a ponte ficou pronta, em Vila Nova de Cerveira foi preciso esperar até 2009 para que a obra finalmente arrancasse.
A empreitada, que custou quase tanto como a própria ponte, 5 milhões de euros, envolveu a construção de uma ligação aérea sobre o caminho de ferro e estrada nacional 13. O acesso à Ponte da Amizade ficou concluído em 2010 e entrou em funcionamento a 5 de Agosto do mesmo ano.
Foi o culminar de um longo processo iniciado 20 anos antes pelas autarquias de Caminha e Tomiño, que sempre se bateram por uma ligação entre as duas localidades que cruzasse o Minho. Com a entrada em funcionamento dos acessos, Vila Nova de Cerveira ganhou uma nova dimensão.

José Manuel Carpinteira, na altura presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, considerou o reforço das comunicações entre Portugal e a Galiza “vitais para o esforço de integração social e económica deste espaço que é o Vale do Minho transfronteiriço, sendo que daí esperamos um maior grau de desenvolvimento em todo o nosso território”, referiu na altura o autarca.

O que mudou com a construção da ponte?

Dez anos depois, o Jornal C foi tentar perceber o que mudou com a construção desta ponte. Até que ponto esta ligação contribui para o desenvolvimento e dinâmica da economia local.

Do ponto de vista do comércio, dizem os comerciantes, quem mais ganhou com a nova ligação foram os cafés e os restaurantes locais.
Glória Martins, comerciante naquela vila há 28 anos, tem acompanhado a evolução do comércio local e não tem dúvidas que a construção da ponte trouxe benefícios, principalmente para a restauração.

“Houve uma evolução grande principalmente para a restauração, mas para o resto do comércio não teve grande impacto. É verdade que trouxe mais gente, a feira também ajuda mas para falar a verdade o resto do comércio não beneficiou assim tanto como isso”.

Apesar dos espanhóis não serem o forte da sua clientela, Glória Martins admite que a ponte “foi uma mais valia” para Vila Nova de Cerveira.
Fernanda Duro é proprietária de uma loja de decoração no centro da vila há dez anos e, tal como Glória Martins, também ela considera não ter lucrado assim tanto com os espanhóis que visitam a vila, principalmente ao sábado, dia de feira semanal. Apesar disso, considera que a construção da ponte foi uma boa decisão. “É bom para os restaurantes e cafés mas para o resto do comércio isso não se nota tanto. É verdade que lá se vai vendendo uma ou outra coisa de vez em quando mas muito pouco porque eles também já não compram como antigamente. Mas é bom porque traz gente e sempre anima a vila e isso já é muito bom”.

Amante das caminhadas, esta cerveirense lembra que os espanhóis, principalmente os que habitam do outro lado do rio, não vêm a Cerveira apenas por causa do comércio, vem também atraídos pelos bons equipamentos que Cerveira possui como é o caso da piscinas e da ecovia que diariamente é cruzada por dezenas e dezenas de galegos. “Nós costumamos fazer caminhadas e é frequente cruzarmo-nos com espanhóis. Até lhe digo mais, tenho a sensação que eles utilizam os equipamentos mais do que nós. É engraçado que eles vêm para cá e nós vamos para lá, atravessamos a ponte e lá vamos até ao outro lado caminhar. Se formos a ver, Goyan, comparado com Cerveira, não tem nada, é muito mais pobre. Cerveira é muito mais bonito e eles são os primeiros a admitir isso mesmo”, explica a cerveirense que lembra que até para tomar o pequeno almoço os vizinhos galegos atravessam a ponte tal é a proximidade.

Isso mesmo é confirmado por José Fernandes, proprietário da pastelaria “Velha Rosa” instalada na vila há mais ou menos vinte anos. “A construção da ponte veio de facto aproximar muito mais e a verdade é que isso contribuiu para que oitenta por cento da nossa clientela sejam espanhóis. Aliás se não fossem eles a maioria dos comércios já tinham fechado”, avança.

“Tenho clientes espanhóis que vêm aqui 3 vezes ao dia. Vêm de manhã tomar o pequeno almoço, vêm tomar café depois do almoço e à tarde vêm lanchar. Isso só é possível porque esta ponte existe”, refere.
José Fernandes lembra que antes da construção da ponte as ruas de Cerveira estavam praticamente desertas, “mas hoje em dia não é assim e mesmo sem ser ao sábado que é o dia mais forte, à semana também se veem muitos espanhóis por aí”, garante”.

Terminamos a conversa com José Fernandes e, à saída, chama-nos a atenção um casal sentado na esplanada. Percebemos que são galegos e se preparam para lanchar. José Fernandes diz-nos que são clientes habituais. Pedimos licença para interromper e com uma simpatia contagiante dizem-nos que a meia de leite e as torradas até podem esperar um pouco.

casal garcia

Depois de alguns minutos de conversa ficamos a saber que são naturais de Vigo, cidade onde sempre viveram e trabalharam até se reformarem. Há 16 anos decidiram trocar o ambiente urbano por um local mais calmo para viverem e gozarem a sua reforma. Viviam num apartamento demasiado pequeno é o sonho deste casal era uma casa com um quintal para poderem plantar “umas coisinhas” e viverem em comunhão com um ambiente mais calmo. Vieram parar a Tomiño e o sonho tornou-se realidade. Hoje moram numa casa com quintal onde vão plantando as tais “coisinhas” que tanto gostam.
Os dias são passados entre Tomiño e Cerveira local onde José Manuel Costa e Conceição Garcia, se sentem como se estivessem em casa. “Vimos aqui todos os dias. Fazemos a nossa vida social aqui em Vila Nova de Cerveira e também algumas compras. E sou montanheiro e conheço esses montes todos de Viana até Valença.
“Vimos sempre faça sol ou faça chuva”, explica Conceição Garcia que garante que estas idas e vindas a Cerveira contribuíram para fazer muitas amizades nos últimos 16 anos.
“Conhecemos aqui muita gente e temos alguns amigos com quem gostamos de conversar. Sentimo-nos bem aqui é por isso vimos todos os dias”.
As torradas e o leite estão a ficar frias e por isso despedir-nos deste simpático casal.

Continuamos a visita aos comerciantes da vila, a próxima paragem é na loja de artesanato e bijuteria de Fátima Palhares. Confessa-nos que chegou a Cerveira alguns anos após a inauguração da ponte mas daquilo que ouviu falar, não tem dúvidas que a travessia só trouxe coisas boas à vila. “As pessoas dizem-me que antes da construção da ponte o comércio era mais fraco, havia menos espanhóis porque estavam condicionados ao horários do ferry”.

Fátima Palhares explica que o forte da clientela são os espanhóis que, apesar de tudo, ainda vão conseguindo comprar mais do que os portugueses. “Eu costumo dizer que no outro lado só está mal para quem está desempregado. Aqui não é bem assim, as pessoas estão a sentir muito na pele os efeitos da crise e, a juntar a tudo isto, temos ainda o problema das Scut que afastaram muitas pessoas que vinham passar os fins-de-semana.

Ouvir falar espanhol nas ruas de Cerveira é algo comum naquela vila. “Os espanhóis vêm aqui com muita frequência. Cerveira é uma vila pequenina, pacata, bem cuidada e com muito para oferecer a quem a visita. Temos boa gastronomia, bom artesanato, um bom café e tudo isso cativa os estrangeiros. Se não fossem os espanhóis coitadinhos de nós, tínhamos que fechar as portas. Eles têm um poder de compra que nós não temos e até outra mentalidade, são mais consumidores enquanto que os portugueses, mesmo os que podem, se retraem um pouco mais”, sublinha a artesã que não tem dúvidas que a construção da ponte mudou “radicalmente” Vila Nova de Cerveira.

cerveira 2


Arte e educação também unem portugueses e espanhóis

Continuamos o périplo por aquela que é também conhecida pela “Vila das Artes” graças à Bienal que ali se realiza desde 1978.
Descobrimos que não é apenas ao nível do comércio e da restauração que a construção da ponte veio reforçar o intercâmbio que sempre existiu entre portugueses e galegos desta zona. A cultura, as artes e o ensino também têm tirado partido desta proximidade e atualmente são muitos os estudantes e artistas galegos que, usufruindo dessa proximidade, vêm até Vila Nova de Cerveira para mostrar a sua arte ou para estudar.

gallaecia

Na Escola Superior Gallaecia, escola de arquitetura, urbanismo e design sediada em Vila Nova de Cerveira, estudam cerca de 200 alunos sendo que cerca de 40 por cento são oriundos da vizinha Galiza. Para além do número considerável de alunos espanhóis que ali tiram as suas licenciaturas, também se contam alguns docentes que diariamente atravessam a ponte para dar aulas naquela escola.
A ponte contribuiu para uma melhoria da mobilidade daqueles que diariamente precisam de se deslocar entre uma e a outra margem e disso ninguém dúvida.

Criada há vinte anos, a Escola Superior Gallaecia também ganhou com esta proximidade, como explica Goreti Sousa, professora e membro do conselho da direção da Gallaecia.

“Eu não lhe sei dizer se a construção da ponte fez com que o número de alunos espanhóis tenha aumentado agora não tenho dúvidas que isso lhes veio facilitar muito a vida. Desde o início que a escola sempre recebeu alunos estrangeiros e neste momento posso dizer-lhe que o número ronda os quarenta por cento sendo que a grande maioria são espanhóis e sobretudo galegos, à volta de 80”.
A preferência dos alunos galegos tem a ver com a proximidade e com as acessibilidades que são “excelentes”, refere Goreti Sousa.
“É uma questão geográfica. Por exemplo a faculdade de arquitetura da Galiza mais perto é na Corunha e no caso do design só há em Barcelona. Cerveira oferece tudo mais perto  e por isso também a preferência”, explica a professora.

Mas foram sem dúvida os trabalhadores estudantes que mais beneficiaram com a construção da ponte, revela a professora. “A ponte veio permitir que esses alunos possam tirar o seu curso em horário pós laboral sem terem que estar condicionados a horários”.

Noélia Gonzales é natural do Porrinho e é finalista de arquitetura na Escola Superior Gallaecia. À semelhança de muitos galegos, esta jovem também cruza diariamente a Ponte da Amizade para vir assistir às aulas. Decidiu vir estudar para Cerveira por ser mais perto.
“Eu sempre quis tirar o curso de arquitetura e como na Galiza a escola mais perto que tinha era na Corunha decidi vir para Cerveira por ser mais perto. Posso ir e vir todos os dias de carro e isso pesou muito na minha decisão”
Terminada a licenciatura Noelia não põe de parte a hipótese de ficar a trabalhar em Portugal caso lhe surja uma oportunidade. O estágio foi feito no Porto, uma cidade que também lhe agrada.
“Sinceramente ainda não pensei muito bem no que vou fazer mas se me aparecer uma oportunidade para trabalhar aqui em Portugal não vou desperdiçar. Estou pronta para ir para um lado ou para o outro, a distância não me preocupa”.
Noelia gostou muito de estudar em Portugal porque isso lhe deu oportunidade de conhecer pessoas e outra cultura. “Também foi interessante perceber que ao nível académico existem tradições diferentes e em geral muito interessantes”.
As aulas ainda não acabaram e Noelia já começa a sentir saudades, principalmente dos colegas de curso. “Guardo muito boas recordações desta vila e principalmente das pessoas que são muito amáveis. O curso é muito bom, vamos ver o que me reserva o futuro”.

Miguel Mexido tem 30 anos e é natural de Vigo. Trabalha num gabinete de arquitetura naquela cidade galega e está a tirar o curso de arquitetura em regime pós laboral na Gellecia. Vem a Vila Nova de Cerveira duas vezes por semana. Decidiu vir para Cerveira por causa da facilidade de horário, pela proximidade e facilidade de acesso.
“Trabalho como freelancer e por isso a Gallecia era uma boa oportunidade para eu conseguir tirar o curso de arquitetura. Fica perto de Vigo e como só tenho que vir duas vezes por semana, isso facilita as coisas. Sou trabalhador estudante”.
Miguel está no terceiro ano, ainda lhe faltam dois para completar o curso. Gosta de Ceveira, um local que considera “agradável” e da escola que  “é muito boa”.
Às voltas com a cadeira de história da arquitetura, o seu calcanhar de Aquiles, Miguel, que também é músico, faz um balanço positivo de mais um ano letivo prestes a concluir. Se tudo correr bem e se conseguir passar a história, cadeira da professora Goreti, este estudante trabalhador acaba dentro de dois anos.
Para além da escola este aluno gosta da vila e das pessoas, “mais amáveis e com uma mentalidade mais aberta”, considera.

 

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E da escola damos um salto ao Fórum Cultural, sede da mais antiga e prestigiada bienal de arte do país. Trata-se de outro dos exemplos fortes deste intercâmbio, não só no que toca ao número de artistas espanhóis representados, mas também no que diz respeito ao número de visitantes que ali acorrem de dois em dois anos para visitar o certame.

Segundo Ana Vale e Costa da Fundação Bienal, o número de visitantes estrangeiros é liderado por Espanha, principalmente galegos que, face à facilidade de acesso através da ponte internacional, visitam o certame.
Um estudo realizado em 2011, revela que 23,40% dos visitantes da Bienal eram oriundos de Espanha.
“Não temos dúvidas que  o facto de existir em Cerveira uma ponte, que facilita a circulação de um lado para o outro, tem contribuído muito para o aumento do público, principalmente da Galiza”, explica Ana Vale.

 

O que nos vale ainda são os espanhóis

Não é possível falar de Vila Nova de Cerveira e de relações comerciais sem falar da feira que ali acontece todos os sábados e que atrais milhares de espanhóis, principalmente galegos. Começam a chegar bem cedo, atraídos pelo passeios e pelo que a feira oferece.

“Vimos pelos produtos de qualidade a bom preço e pela boa gastronomia que os restaurantes oferecem” confessa-nos um grupo acabado de chegar. Vieram todos: pais, filhos e até a mascote, um pacato labrador que, bem treinado, aguarda pacientemente ordem de marcha. Perguntamos se o animal não se aborrece. “Já está habituado e se não o trazemos faz asneira de certeza”, explica o dono divertido. O bicho, que nos olha atentamente, parece perceber que estamos a falar dele.

feira-cerveira

Descemos ao recinto da feira. O dia amanheceu com sol o que faz adivinhar uma autêntica avalanche. Não nos enganamos e no recinto ouve-se falar mais espanhol que português. E ainda bem confessa Paulo Alves que há nove anos se desloca de Barcelos a Vila Nova de Cerveira para fazer a feira. Para este feirante a construção da ponte veio revolucionar a feira que hoje é considerada uma das melhores no Alto Minho. “Por acaso quando a ponte foi inaugurada eu ainda não fazia esta feira mas tinha familiares que faziam e eles dizem que na altura se notou uma diferença bastante grande logo nos primeiros anos. É sempre muito mais fácil as pessoas virem quando os acessos são bons. Se não é fácil chegar as pessoas pensam duas vezes antes de virem”.

O forte da feira são os espanhóis, “cerca de 70 a 80 por cento”, arrisca Paulo Alves.
“Antes desta crise tínhamos muitos clientes portugueses da zona centro: Porto, Coimbra e até Lisboa, que vinham praticamente todos os fins-de-semana, principalmente os do Porto. Ultimamente essas pessoas vêm muito menos por causa da crise e também por causa das portagens”. A ponte traz muita gente é um facto, e se não fosse isso, com a crise que o país atravessa, “muitos de nós não se teriam aguentado”, garante Paulo Alves.

Lurdes Oliveira é feirante em Cerveira há 24 anos e garante que a construção da ponte trouxe mais gente a Cerveira. Segundo esta feirante o negócio já não é o que era, mas a maioria dos seus clientes ainda continuam a ser os espanhóis.
“Antigamente eles vinham e só compravam o que era bom, não se importavam de pagar mais, atualmente as coisas também mudaram para eles e já procuram preços mais económicos”, revela. A crise afeta toda a gente e os galegos não são exceção. “Compram muito menos do que antes, nota-se que também estão em baixo”. Quanto aos portugueses que vinham principalmente do Porto, vêm muito menos garante Lurdes Oliveira que nos últimos tempos deixou de ver muitos dos seus clientes habituais. “As portagens vieram estragar tudo. Eu tinha clientes que vinham todas as semanas e agora só vêm de longe a longe. Os espanhóis é que vão aguentando isto”.

Fernando Loureiro vende na feira há mais de vinte anos. A construção da ponte trouxe muito mais gente, “mais do dobro”, o que para este feirante “foi muito bom”. “Repare que 90% do pessoal que anda na feira são espanhóis e é o que nos vai valendo porque se não fossem eles já tínhamos morrido de fome”.

Antes da construção da ponte, Fernando Loureiro garante que vinha muito menos gente. “As pessoas estavam muito condicionadas aos horários do ferry coisa que agora não acontece. Antigamente havia horas em que andava aí muita gente, coincidia com os horários do barco, e outras em que não se via ninguém. Agora é diferente, anda sempre gente porque as pessoas chegam a toda a hora pela ponte”.
Apesar dos espanhóis terem perdido muito do poder de compra que tinham, ainda são eles que continuam a dar vida à feira. “Sabe os espanhóis são um povo consumista por natureza, gostam de comprar e isso é o que nos vai aguentando”, sustenta.

A ronda pelos comerciantes continua. Todos têm a mesma opinião: “o negócio está fraco mas os espanhóis vão ajudando a compor. A ponte, essa ninguém dúvida dos benefícios que trouxe para a feira. Mesmo não comprando tanto como antigamente, os espanhóis habituaram-se a vir, a dar uma volta pela feira, almoçar nos restaurantes e depois usufruirem do que a vila tem para dar.

 

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Cerveira e Tomiño apostam em projetos conjuntos potenciadores

A propósito do 10º aniversário da entrada em funcionamento da Ponte de Amizade que liga Vila Nova de Cerveira e Tomiño, o Jornal C entrevistou os autarcas das duas margens que nos deram o seu testemunho sobre a importância desta ligação para ambas as margens.

Com os olhos postos no futuro e no próximo quadro comunitário de apoio que aí vem e vai privilegiar iniciativas transfronteiriças, os dois presidentes estão já a trabalhar em conjunto para apresentar projetos comuns que possam beneficiar as duas comunidades. Não revelaram os projetos mas garantem que o objetivo é potenciar ambas as margens.

Jornal C (JC) – Presidente, é legítimo falar-se de uma vila antes e uma vila depois da construção da Ponte da Amizade sobe o rio Minho?
Fernando Nogueira (FN) – Eu não diria uma vila antes é uma vila depois da construção da ponte, mas sim de uma vivência antes e uma vivência depois da sua construção. Vila Nova de Cerveira (VNC) antes da ponte já tinha o ferry que dava um contributo muito interessante para o desenvolvimento da vila. O ferry transportou muitos milhares de passageiros, eu lembro-me que em anos bons chegou a fazer mais de 300 mil travessias, o que é muito considerável.
Quando em 2004 a nova ponte entrou em funcionamento, notou-se um salto muito grande em termos de convivência entre os habitantes das duas margens. Houve também um grande incremento no comércio local e um grande reforço ao nível da cultura. Os nossos vizinhos galegos adoram vir a Cerveira não só ao fim-de-semana mas também à semana. Como sabe a ponte veio dar também um grande incremento à feira e a verdade é que a vila ao sábado se transfigura. Mas à semana também temos cá muitos galegos que vem usufruir dos nossos equipamentos.

JC – Que equipamentos?
FN –  Como sabe temos excelentes infra-estruturas que ganharam vida com a ponte. É o caso da piscina municipal que tem à volta de 1700 utilizadores, dos quais mais de 50 por cento são galegos não só de Tomiño, mas também de A Guarda, Rosal e alguns até de Tui.
Algumas dessas pessoas já vinham antes, de ferry, mas estavam condicionadas aos horários coisa que com a ponte já não acontece. Há uma maior mobilidade.
A piscina é apenas um exemplo mas temos outros: é o caso do Parque do Castelinho onde se ouve falar mais galego que português. Isto quer dizer que eles vem para cá, geram movimento e contribuem para a revitalização económica da vila, que bem falta faz. Apesar de Espanha também se ressentir da crise, a verdade é que o poder de compra dos espanhóis ainda é superior ao nosso.
Os preços na restauração também são atrativos e é frequente ver grupos de pessoas que vêm fazer a sua caminhada e aproveitam para tomar um café ou lanchar. Há de facto uma grande convivência entre portugueses e galegos.

JC – Acha que os galegos aproveitam mais os equipamentos do que os próprios cerveirenses?
FN  – A verdade é que os galegos têm uma cultura diferente. São um povo mais extrovertido, mais alegre e por isso acabam por aproveitar mais todos os momentos livres. Gostam de vir até VNC conviver no nosso parque ou passear na nossa ecovia, equipamentos que não existem do outro lado. Os portugueses também fazem o mesmo mas são mai discretos, é uma questão de cultura.

JC – Mas essa partilha de equipamentos também pode ser uma mais valia…
FN – E é. Quando construímos os equipamentos foi a pensar em primeiro lugar nos cerveirenses mas ficamos muito satisfeitos que possam ser utilizados por outras pessoas, nomeadamente pelos nossos vizinhos galegos. Ao virem cá, essas pessoas geram movimento e sempre deixam uns euros que bem falta fazem.

JC – Podemos então concluir que a construção desta ponte foi uma mais valia para esta vila.
FN – Eu disse há uns anos, numa conversa com o engenheiro Carpinteira, que a ponte, apesar de não ser uma obra da câmara, tinha muito esforço do município.

JC – A câmara lutou muito para conseguir esta ponte?
FN – Muito, e posso dizer-lhe que foi uma obra conseguida graças a muita insistência. VNC deu um passo muito importante ao mandar executar e pagar um projeto que depois de pronto possibilitou a concretização de um velho sonho que era ligar as duas margens através de uma ponte.
Este sonho já era anterior a 1989 e de facto levou o seu tempo a concretizar. Foi possível graças aos muitos amigos que VNC tinha e ainda tem.

JC – Quem foram essas pessoas?
FN – Por exemplo o engenheiro Braga da Cruz da Comissão de Coordenação que sempre foi um grande amigo da região do Minho e em particular de VNC. Eu até costumo dizer que ele foi o padrinho da ponte, ele e o antigo presidente da Junta da Galiza, Fraga Iribarne. Foi uma obra bem conseguida e muito importante para VNC.

JC – Quando os acessos à ponte ficaram concluídos, o então autarca José Carpinteira disse que estavam lançados os dados para que VNC pudesse crescer economicamente. Isso aconteceu?
FN – Não tenho dúvidas nenhumas em relação a isso e acho que nenhum dos nossos comerciantes tem. Eu sei que eles se queixam mas, se pensarmos bem, se não existisse a ponte as razões de queixa seriam muito maiores.

JC  – Presidente, sei que em conjunto com o município vizinho de Tomiño estão a preparar algumas de iniciativas para assinalar os 10 anos da ponte…
FN – O que nos queremos, fundamentalmente, é assinalar a data. Eu acho que dez anos na vida de um equipamento destes é muito importante para as duas margens. Não estamos a falar apenas do lado português, no lado galego também lhe dão muita importância.
Eu penso que em termos de transações económicas a ponte é mais importante, neste momento, para nós porque eles vêm mais a Portugal do que nós vamos à Galiza. Mas eles valorizam muito esta ligação porque gostam muito de vir cá.

JC – Na sua opinião quem lucrou mais com esta ponte? Cerveira ou Tomiño?
FN – Eu penso que nós não ficámos a perder em nada, pelo contrário até ganhámos muito. Agora comparativamente, essas contas são sempre difíceis de fazer. No contexto que estamos Cerveira ganhou mais movimento e mais atratividade para os galegos, mas nós não sabemos o futuro, não sabemos se daqui a 4 ou 5 anos os papeéis não se podem inverter. De qualquer forma a ponte é sempre importante para ambas as partes.

JC – Mas os comerciantes do outro lado queixam-se que os portugueses só atravessam a ponte para abastecer os carros com gasolina.
FN –É verdade mas já houve tempos em que assim não foi. Eu recordo-me perfeitamente que no tempo do escudo nós, portugueses, invadíamos a Galiza, especialmente Tui e A Guarda para fazer compras. São ciclos e provavelmente as coisas irão inverter-se novamente, não sabemos daqui a quanto tempo mas é possível que aconteça. O importante é que a ponte existe e que esta livre circulação e convivência perdurem.

JC – E ao nível cultural?
FN – Também ganhamos muito quer nós quer eles. Fazemos excelentes intercâmbios culturais, programação desportiva, queremos fazer um intercâmbio em termos de projetos comuns. Todos temos a ganhar e isso é muito bom. Digamos que é um bom negócio para as populações de ambos os lados do rio.

JC – Voltemos às comemorações.
FN – Como lhe dizia o importante é assinalar a data e nós no dia 11, dia em que se comemora a data da entrada em funcionamento da ponte, em conjunto com o município de Tomiño, vamos fazer uma celebração às 19 horas, simbolicamente a meio da ponte. Vamos ter trovoadas do lado galego e bombos do nosso lado, que é a mesma coisa, provavelmente um racho folclórico e alguns convidados, nomeadamente pessoas que foram importantes para que a ponte hoje seja uma realidade e que gostaríamos que pudessem estar presentes. Vamos também celebrar um protocolo com Tomiño a que vamos chamar a Carta da Amizade.

JC – Em que consiste essa Carta da Amizade?
FN – De certa forma vamos passar para o papel aquilo que já fazemos, ou seja, passar do informal para o formal este relacionamento cultural e desportivo que temos vindo a desenvolver. Queremos aprofundar o que já temos e fazer uma colaboração muito mais estreita em vários domínios, mas fundamentalmente, no domínio ambiental.

Como sabe o nosso rio tem um grande potencial mas também temos que olhar para ele e para as nossas margens com uma preocupação ambiental. Vamos tentar conciliar o que nós queremos desenvolver na margem portuguesa com o que os nossos vizinhos querem fazer na margem galega e se possível interligar projetos.

JC – Neste momento já se pensam projetos conjuntos?
FN – É verdade e isso já não é novidade. Para lhe dar um exemplo, já foi assumido por Tomiño que não fará uma piscina. Isso já foi um sonho deles mas chegaram à conclusão que havendo um equipamento tão perto que satisfazia as necessidades da sua população, não fazia sentido estar a fazer esse investimento que pode ser aplicado noutras necessidades.
Neste momento Cerveira está a trabalhar num projeto de requalificação da piscina e eles aplaudem. Cá está, quando há pouco nos questionávamos quem ganhou mais eu disse-lhe: são contas difíceis de fazer e é verdade porque se uns ganham de uma maneira, outros ganham de outra. Ganhamos todos de certeza. Já agora deixe-me acrescentar e ainda falando nas comemorações dos 10 anos, que nesse dia vamos também fazer o lançamento de mais um troço da nossa ecovia. Vamos iniciar as obras da ligação ao concelho de Valença, freguesia de Campos/Vila Meã, a norte do concelho de Vila Nova de Cerveira. Este troço vai ligar ao que vem de Valença o que quer dizer que vamos ficar com esta frente ribeirinha ligada por ecovia. A intenção é, de futuro, ligar Melgaço, Monção, Valença, Vila Nova de Cerveira e Caminha, por ecovia.

JC – Costuma encontrar-se com a sua homóloga de Tomiño para discutir e falar sobre projetos comuns.
FN –Sim é frequente reunirmos. Temos um excelente relacionamento que já vinha do passado e que queremos que continue, se possível reforçado e aprofundado. Sinto que do outro lado há o mesmo entusiasmo, principalmente da parte de Tominño com que já temos trabalhado e feito algumas reuniões. Neste momentos temos inclusive uma equipa de trabalho conjunta a desenvolver alguns projetos comuns que a seu tempo apresentaremos. Estamos a falar de projetos de cooperação transfronteiriça que daremos a conhecer futuramente.

JC – Podemos dizer que esta ponte, a última a ser construída no rio Minho, chegou em boa hora.
FN – Eu acho que sim e se tivéssemos demorado dois ou três meses mais se calhar não tínhamos conseguido. Foi no momento certo.

 

Temos que funcionar  como um território comum

 

Sandra González ÁlvarezSandra Alvarez é presidente da câmara de Tomiño há sete anos. Quando foi eleita, a ponte já estava a funcionar. Segundo a autarca a ligação tornou-se num instrumento de união que vai sendo comprovado de dia para dia. Em entrevista ao Jornal C, Sandra Alvarez deu a conhecer um pouco mais do concelho que dirige, um concelho “muito jovem” que tem na agricultura um dos seus grandes potenciais.

Jornal C (JC) – Presidente considera que esta ponte foi uma mais valia para Tomiño e Vila Nova de Cerveira?Sandra Alvarez (SA) – Eu creio que a grande mais valia desta ponte foi o facto de ela nos ter permitido conhecermo-nos melhor mutuamente, de termos percebido que somos dois povos irmãos, muito parecidos, com uma cultura e tradições muito similares.
Esta ponte também contribui para estarmos cada vez mais perto e portanto a sua construção foi muito positiva.

JC – Do ponto de vista económico Cerveira lucrou muito com esta ponte, há muitos espanhóis que visita aquela vila diariamente.
SA – De facto nós gostamos muito de ir a Vila Nova de Cerveira. Gostamos de ir tomar o nosso cafezinho e passear na vila que é muito simpática. Mas olhe que os portugueses também nos visitam. Cada vez mais vemos gente de Cerveira em Tomiño, os nossos restaurantes e também na vila. Eu creio que o beneficio foi sem dúvida mútuo.

JC – O seu homólogo de Vila Nova de Cerveira fala inclusive numa grande partilha de equipamentos entre os dois municípios como é o caso da piscina. Faz sentido este intercâmbio?
SA – Faz todo o sentido sobretudo neste momento económico. Tanto o presidente da câmara de Cerveira como o governo do concelho de Tomiño estamos a trabalhar nessa colaboração e na sua institucionalização. O que eu quero dizer é que os tominhenses são um suporte importante para o sustento económico da piscina de Vila Nova de Cerveira, e nós queremos institucionalizar isso.

Da mesma maneira que nós utilizamos a piscina, os cerveirenses podem por exemplo utilizar a nossa escola de música ou a nossa escola de teatro. É importante estabelecer laços de união não só de forma espontânea, com a ida de gente de lá para cá e vice-versa, mas também de uma forma mais institucional para que as pessoas saibam o que existe e do que podem usufruir.
Depois do aniversário da ponte vamos começar a trabalhar forte nesse sentido.

JC – Já estão a desenvolver alguns projetos conjuntos?
SA – Estamos e ultimamente temos vindo a trabalhar muito nesse sentido. Creio que vai ser muito interessante o que vai acontecer a partir de agora. DE qualquer das formas esses projetos conjuntos, alguns deles, já vêm de trás. É o caso do Filminho ou o Triatlo da Amizade, iniciativas que fomos desenvolvendo nos últimos tempos e que se tornaram em experiências muito interessantes,

JC – Quer revelar alguns desses projetos?
SA – Eu acho que os projetos devem ser anunciados quando estiverem bem trabalhados e desenvolvidos. Estamos a trabalhar há vários meses nessas matérias, desde que o presidente da câmara tomou posse. Ele e a sua equipa mostraram interesse em aprofundar esta colaboração e é o que temos vindo a fazer. Quanto aos projetos eles serão dados a conhecer na altura certa, mas já não falta muito para se ficar a saber o que vai acontecer.

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JC – Este relacionamento e intercâmbio entra as duas localidades não é recente, é algo histórico que se tem vindo a intensificar…
SA – De facto não é uma novidade. Desde sempre que cerveirenses e tominhenses, mesmo quando não existia ponte, andavam de um lado para o outro nas barcas e depois de ferry. Sempre houve muita comunicação que foi intensificada pela ponte. É importante apagar de uma vez por todas as fronteiras existentes na União Europeia e fazer com que este rio não nos separe mas antes nos una. Queremos que o rio Minho passe pelos dois lados de um território que é irmão, apesar de serem dois estados diferentes. Somos um território que trabalha e colabora junto pelo interesse dos seus munícipes.

JC – Somos no fundo a mesma gente?
SA – Eu acho que sim e não só ao nível cultural, mas também linguisticamente, ao nível das tradições e de muitas outras coisas. Nesta ponte, reconhecemo-nos como um povo cuja cultura irmã. Isto tem muito valor na Europa e os fundos europeus, os únicos que na próxima candidatura vão aumentar, são precisamente aqueles que estão diretamente ligados a esta questão transfronteiriça porque precisamente a Europa quer apagar as fronteiras. Nós também temos que estar aí com um projeto integrador, é muito importante que assim seja.

JC – Tomiño e Cerveira vão estar atentos a essas oportunidades?
SA – Já estamos atentos há algum tempo e temos vindo, como lhe disse, a trabalhar nisso mesmo. É a nossa obrigação.

JC – Quem está no Castelinho em Vila Nova de Cerveira e olha em frente para a outra margem, percebe que está ali a nascer algo. O que vai nascer ali?
JC – Trata-se do denominado Espaço Fortaleza que foi premiado com um prémio de arquitetura. Trata-se de uma recuperação que engloba um parque de 60 mil metros quadrados e que pretende ser o início da recuperação da ribeira Minho. É um projeto que queremos que cresça e neste momento, do lado direito, já conseguimos chegar até à praia das Eiras. Futuramente queremos continuar para o lado da ponte internacional. É um espaço de lazer e ócio e é muito curioso que mesmo em frente exista um outro parque que é o do Castelinho. Já pensou que interessante seria podermos unir esses dois parques?

JC – É um desafio para o futuro?
SA – É. Como vê, sem revelar, vou dando algumas pistas.

JC – Costuma visitar muitas vezes Vila Nova de Cerveira?
SA – Sim, vou muitas vezes. Por acaso ainda na semana passada lá estive a almoçar com o presidente da Câmara. Vou muitas vezes tanto no plano pessoal como institucional.

JC – Vamos falar agora um pouco do concelho de Tomiño. Quais são as principais características desta região?
SA – Tomiño é um espaço natural muito importante. Somos o concelho que tem o maior troço de rio do lado galego, que estamos a tentar valorizar. Temos vindo a criar ecovias e zonas de passeio ao longo da margem, como já fizemos desde a fortaleza de Goyan até à praia de Seres. Somos um concelho agrícola que aposta numa agricultura moderna. Para ter uma ideia somos o concelho da Galiza com o maior número de viveiros de plantas ornamentais, o que faz de nós uma zona pujante e termos agrícolas. Mas estamos a falar de uma agricultura internacionalizada, moderna, de inovação, que gera emprego. Somos um concelho novo cuja franja de população mais importante se situa entre os 25 e os 45 anos de idade. Um concelho com muito potencial.

JC – E de futuro?
SA – Eu julgo que o importante é que as duas câmaras continuem a trabalhar em prol da união e bem estar das pessoas, fazendo coisas em comum, principalmente nestes tempos difíceis, de modo a maximizar aquilo que temos. Se há uma piscina em Vila Nova de Cerveira, que precisa dos tominhenses para ser sustentável, que sentido faz querermos construir uma em Tomiño. O importante é que funcione uma que sirva os dois lados e que funcione bem. Temos que funcionar como um território comum e se Tomiño tiver algo que possa servir também os cerveirenses, como por exemplo a nossa escola de música ou de teatro, tanto melhor. Tal como a Europa, é nisso que temos que trabalhar a partir de agora. Temos que estar na vanguarda da Europa.

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