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Sábado, 20 Abril, 2024
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Miguel Alves em entrevista: “Todos os dias somos brindados com tesourinhos deprimentes do passado”

O Presidente da Câmara de Caminha faz uma avaliação positiva dos últimos três anos, dizendo que o executivo socialista que lidera “fez muito daquilo que tinha sido planeado”.

Miguel Alves destaca a normalização da vivência cívica e democrática no concelho, o lançamento económico e a diminuição do desemprego, sublinhando os números “históricos” de Agosto divulgados pelo IEFP, que coloca em 556 o número de desempregados no concelho.

“Durante a campanha eleitoral foram lançadas e repetidas três ideias-chave, sendo evidente que recuperamos o festival Vilar de Mouros e a bandeira azul em Vila Praia de Âncora. E estamos a trabalhar para que até final do mandato a marginal de Caminha tenha outra visibilidade”, afirma o autarca

O socialista diz que é recandidato para “fazer o que ainda não feito”, salientando que até às eleições ainda há um caminho importante a percorrer.

“Um caminho que vai levar-nos a poder ter o Cineteatro dos Bombeiros de Vila Praia de Âncora, a iniciar novas ecovias, a fazer o cais da Rua dos Pescadores, a iniciar obras na Escola Sidónio Pais, ou a avançar com a remodelação do Nó da Erva Verde, em Vila Praia de Âncora.”

E o Mercado de Caminha? O autarca revela que ainda não avançou porque falta ultrapassar apenas “um único obstáculo” burocrático criado pelo anterior executivo, que cedeu o direito de superfície de todo o campo da feira à Parceria Público Privada das Piscinas (PPP) de Vila Praia de Âncora.

Miguel Alves dá conta de conversações com os parceiros da PPP para tentar chegar a um acordo “mais amplo”, que pode passar pelo fim dessa Parceria Público Privada das Piscinas, um negócio que considera “ruinoso” para o erário público

Quanto à criação de uma zona industrial em Argela e Vilar de Mouros, uma promessa eleitoral, o edil de Caminha refere que essa infraestrutura ainda não avançou porque “o quadro comunitário vigente (2014-2020) não permite que haja fundos comunitários para fazer zonas industriais inexistentes. E a câmara não tem capacidade financeira para levar a acabo esse objectivo, estando, por isso, dependente de investidores privados”.

A situação financeira tem sido um dos assuntos mais badalados nestes três anos de mandato. Miguel Alves reconhece que as finanças da autarquia ainda hoje são debilitadas, mas assegura que o executivo socialista não vai seguir “o caminho mais fácil” de “castigar” as pessoas com mais impostos.

“Quando tomámos posse, a situação da Câmara era desequilibrada, com despesas que não compreendemos ainda hoje. Não conseguimos assumir nenhum compromisso porque havia faturas para pagar. E não estamos a falar de tostões”.

O também presidente da Federação Distrital do PS esclarece que as contas de 2012, que o PSD tanto fala,  “foram vendidas como contas de lucro e não passavam de contas fantasiosas e  maquilhadas.”

A poucos meses de eleições, o edil revela que vai apresentar um “orçamento realista”, de responsabilidade e investimento,  o de 2017, sublinhando que desde o início do mandato a dívida à banca foi reduzida em 21%,  cerca de 1 milhão e 600 mil euros. Acrescenta que, em termos de pagamento às águas, foram pagos 2 milhões e 370 mil euros de dívida do anterior executivo. “Não é retórica nenhuma que desde 2005 até agora não foram pagos pelo anterior executivo cerca de 7 milhões de euros em facturas de água. Isto é verdadeiro, nunca foi desmentido”.

“Existem também as dívidas judiciais, sentenças judiciais para pagar. É com bastante assiduidade que somos brindados com tesourinhos deprimentes do passado que explodem nas nossas mãos como uma granada”.

Para além dos processos já conhecidos, Miguel Alves dá conta de mais dois que surgiram nos últimos tempos,  o caso do antigo Externato de Santa Rita e um outro relativo ao parque de estacionamento junta à estação de comboio de Caminha. São processos que podem lesar as contas do município em mais de 1 milhão de euros

A proposta de revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) de Caminha, que esteve em consulta pública nos últimos dias, significa que o concelho vai ter finalmente uma estratégia que não teve durante anos, diz o socialista, enaltecendo o facto de ser mais uma promessa cumprida. “Sei que posso perder votos, mas o concelho de Caminha não pode viver com uma visão estratégica de 1993. A revisão deveria ter sido concluída há 10 anos”.

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Miguel Alves diz que o PSD desistiu de ser oposição, de apresentar ideias e de fazer um debate sério sobre várias matérias.

“Dou como exemplo o caso do encerramento da Ancorensis. Em vez de contribuírem para resolver o problema da escola, contribuíram para uma política de bota abaixo, maledicência e até insulto”.

O autarca confessa que a situação Ancorensis foi o caso mais complicado que teve em mãos nos últimos quatro meses. Contudo, realça o facto de o concelho ter agora duas escolas secundárias, assegurando que cerca de 200 alunos que estavam matriculados no colégio frequentam agora o ensino público, 90% dos quais estão matriculados em Vila Praia de Âncora.

O socialista revela ainda que, neste momento, a sua principal preocupação são os 27 funcionários não docentes, que já receberam carta de despedimento

As relações com o presidente da Junta de Freguesia foram também foram abordadas nesta entrevista. O chefe do executivo socialista diz que as mais recentes acusações lançadas por Carlos Castro só podem estar relacionadas com a proximidade das eleições autárquicas.

“É natural que o PSD tente colocar o seu fortim em Vila Praia de Âncora. Mas o que me interessa é manter uma relação forte com a junta de freguesia.”

Contudo, Miguel Alves diz lamentar a falta de apoio de Carlos Castro e do seu executivo no caso Ancorensis. “Episódio dos logótipos nas camisolas? Estava de férias, mas o vereador Rui Teixeira disse que não se passava nada e eu acredito”.

Sobre as tão faladas “festas e festinhas”, o presidente da Câmara de Caminha diz que “quem tem criticado a política cultural do município é quem não percebe nada de cultura”.

Miguel Alves destaca o que considera ser uma “transformação profunda na actividade, oferta e paradigma cultural no concelho”, realçando a qualidade de eventos como o Artbeerfest, a Feira Medieval, o Sonic Blast, o recuperado Festival Vilar de Mouros, Festa do Mar e da Sardinha, Entre Margens, Fado Forte, entre outros.

“Mas política cultural deste executivo não é só eventos e música, passa também pelo fomento do teatro, literatura e artes plásticas.”

Questionado sobre o centro histórico de Caminha, Miguel Alves diz que o trabalho ainda não está terminado, revelando que pretende condicionar o acesso ao adro da Igreja Matriz e naturalizar o espaço da antiga casa Sidónio Pais, medidas que só devem avançar no próximo mandato.

Em relação aos vários cargos que ocupa, quer a nível local, quer nacional e europeu, o autarca diz que quem perde é a sua família e e quem tem visibilidade é o concelho de Caminha. “ A projecção do município é diferente hoje em dia, recuperamos o prestígio do concelho. Antes a voz de Caminha não sei ouvia para além do rio Âncora”.

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Quanto às próximas eleições autárquicas, o socialista mostra-se confiante numa vitória, assegurando que não tem preferência sobre o adversário. Júlia Paula? “Eu tenho um preferido, mas isso fica para mim”.

Resumo da entrevista ao Presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves que vai poder ler com mais pormenor na próxima edição do Jornal “O Caminhense”.

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