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CIAJG com exposições de João Cutileiro e José de Guimarães

O dia 20 de outubro assinala o início do 3º ciclo expositivo de 2018 do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), em Guimarães, com a inauguração de uma exposição que mapeia a duradoura e ampla influência que João Cutileiro teve na arte portuguesa dos anos 1960 a 1990 e, ainda, uma mostra que reúne obras inéditas em cartão, incluindo maquetas de trabalhos públicos projetados e construídos em Portugal e no estrangeiro, que dará ao grande público uma ideia muito clara da dimensão processual e experimental do trabalho de José de Guimarães. A inauguração está marcada para as 18h00.

No próximo dia 20 de outubro, às 18h00, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) inaugura o seu terceiro e último ciclo expositivo deste ano com as exposições “Constelação Cutileiro” e “José Guimarães / Da dobra e do corte”, às quais se juntará uma exposição de desenho de Rui Chafes em dezembro. As exposições permanecerão patentes no Centro até fevereiro de 2019. Revelar grupos de trabalho inéditos ou menos conhecidos de artistas centrais do panorama artístico em Portugal, contribuindo assim para elucidar e ampliar o conhecimento dos respetivos percursos, tem sido uma das estratégias de programação do CIAJG.

Neste ciclo expositivo, em três novas e extensas exposições, especificamente produzidas para o espaço do Centro, lança-se um olhar retrospetivo sobre os anos iniciais do trabalho de João Cutileiro, altura em que, entre Londres e Évora, redefiniu a prática da escultura em Portugal, resgata-se do atelier de José de Guimarães um conjunto de pequenas esculturas nunca antes mostradas que desvelam uma rara prática experimental e processual, e, mais à frente, visita-se um dos mais secretos segmentos de trabalho ainda por conhecer como um todo, a produção em desenho de Rui Chafes – luminosa revelação de um imenso e denso universo de fantasmas e formas.

Com curadoria de Nuno Faria e Filipa Oliveira, “Constelação Cutileiro” mapeia a duradoura e ampla influência que João Cutileiro teve na arte portuguesa dos anos 1960 a 1990, nomeadamente o grupo de Évora (Charrua, Bravo, Lapa, Palolo) e a geração de artistas surgidos na década de 1980 (Manuel Rosa, José Pedro Croft, entre outros). Há muito aguardada pelo CIAJG, esta exposição homenageia o escultor português João Cutileiro (1937), indiscutivelmente um dos mais singulares artistas portugueses do século XX. Excessivo, jubiloso, generoso, o seu trabalho marcou decisivamente a paisagem artística e cultural em Portugal a partir do final dos anos 1950 e início dos anos 1960, reunindo hoje um largo histórico de obras expostas em diversas geografias espalhadas por diferentes continentes e várias distinções internacionais (a sua primeira exposição individual data de 1951, tinha então catorze anos).

A presente exposição ensaia uma espécie de cartografia celeste da geometria das relações, afeições e interações de que Cutileiro, espécie de astro solar, foi o ponto referencial e o campo magnético dessa energia. “Constelação Cutileiro” lança um olhar sobre a produção inicial do autor, entre Évora, Londres e Lagos, integrando escultura, desenho e fotografia. É, na sua maioria, composta por peças de João Cutileiro colocadas em diálogo com obras de outros autores, mais velhos, da mesma geração ou de gerações posteriores, que com ele conviveram e privaram, reunidas numa lógica conotativa de forças e não de formas.

Assim foram escolhidas obras de uma ampla constelação de artistas como Júlio Pomar, António Charrua, Lourdes Castro, José Escada, Manuel Rosa, José Pedro Croft e Rui Chafes – algumas da coleção do próprio Cutileiro. Trabalhando com materiais como o cimento fundido, o bronze, o ferro soldado, o gesso ou o mármore corroído com ácido, por exemplo, João Cutileiro abriu um modo novo de encarar a prática escultórica em Portugal, baseada numa abordagem performativa, iminentemente matérica, oscilando entre forma e informe, remetendo para motivos ou arquétipos da história ou da pré-história da escultura, num diálogo entre épocas e geografias diversas. As vénus do Paleolítico, a arte egípcia ou etrusca, Giacometti, Pompeia, a tradição da arte funerária ou a influência do surrealismo, marcam na obra do artista uma prática em que a radicalidade no uso dos materiais convive com um inusitado arrojo formal e estilístico.

José de Guimarães (1939), considerado um dos principais artistas plásticos portugueses de arte contemporânea – e cujo nome é atribuído a este Centro –, apresenta neste novo ciclo uma exposição que reúne obras inéditas em cartão, incluindo maquetas de trabalhos públicos projetados e construídos em Portugal e no estrangeiro, que dará ao grande público uma ideia muito clara da dimensão processual e experimental do trabalho de José de Guimarães – trabalho este que conta com uma vasta e notável obra na pintura, escultura e outras atividades criativas, o que faz com que seja dos mais galardoados artistas portugueses, tendo muitas das suas obras expostas em diversos museus europeus, bem como nos Estados Unidos da América, Brasil, Canadá, Israel e Japão.

O CIAJG tem vindo a mostrar segmentos, por vezes extensos, do trabalho de José de Guimarães pouco ou nada conhecidos do grande público e mesmo do público especializado. Depois de “Provas de Contacto” (2014) onde se mostrava um conjunto de obras feitas através de processos de transferência da imagem (técnicas de gravura, stencil, etc.) e “Pintura: Suites monumentais e algumas variações” (2015), em que se procedia a uma revisão de várias fases do percurso em pintura do autor, apresenta-se, agora, “Da dobra e do corte” que reúne cerca de 170 peças, inéditas na sua maioria. Reúne-se um extenso grupo de esculturas em pequena escala, feitas em cartão e em papel – que, até hoje, permaneceram inéditas no atelier de José de Guimarães –, em diálogo com um notável e desconcertante conjunto de desenhos realizados sobre os mais diversos suportes e nas mais diversas técnicas.

Trata-se de uma mostra que apresenta trabalho irredutivelmente experimental e processual, em que é notória a forma como a inteligência da mão se articula com uma total liberdade da imaginação, numa fluidez formal admirável. De facto, o autor parece mais uma vez ter construído um alfabeto de formas em materiais pobres, abstratas ou geométricas na sua grande maioria, figurativas em menor número. Com ou sem finalidade imediata, algumas das peças serviram como maquetas para trabalhos de escala pública, outras funcionaram como primeira abordagem a uma determinada configuração formal e outras, ainda, surgem como peças cuja escala é autossuficiente, não carecendo de ser ampliada. São peças que na origem estão próximas do gesto matricial do desenho, entendido enquanto projeto, mas que parecem também ter origem numa compulsão do fazer, entre o esquecimento do gesto e a memória do corpo.

De lembrar que a intervenção de Ann Hamilton, “Side by Side”, pode ser visitada até 25 de novembro no CIAJG. Recordamos que o CIAJG se encontra aberto de terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 19h00. Aos domingos de manhã, a entrada é gratuita.

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